domingo, 29 de abril de 2018

Trôpego


Caminhava a passos trôpegos por uma alameda de terra batida cercada por uma vegetação rasteira em pleno crepúsculo de um dia qualquer. Havia uma energia de solidão e obscuridade no ar. Desmedido, contava para mim mesmo o quanto a aflição de meus pensamentos inquietam o espírito e agem sorrateiros dentro do meu cérebro, processando aquilo que é bom e o que eu nem se é. Enfim... Estava lá mergulhado naquele silêncio observando certos detalhes absolutamente sem sentido quando, de súbito, ela me aparece num vislumbre incomum. Era dádiva de beleza e contemplação, manifestação viva da própria poesia da alma. Surgiu lentamente e trouxe consigo uma possessividade de vibrações. O peito calou, a boca emudeceu, o corpo refletiu, o clima revirou. Bateu-me um medo inicialmente, mas ali mesmo fui capaz de me doar como jamais havia feito. Então caí fundo, atendi ao seu chamado. Ela a mim nada correspondia, mas emanou seu raio de luz que me fez transcender o que dentro em mim se acumulava. Forças eu já nem tinha mais para resistir. Pus-me a deleitar meus embrejados olhos para ela até que de mim desaparecesse também solitária e eu apenas clamei seu nome naquela que foi a única palavra balbuciada de meus lábios: LUA. 

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