quinta-feira, 12 de março de 2015

Quem está na chuva é para se molhar!

Meu dia começou bem diferenciado. Primeiro pelo fato de ser um dia de domingo; segundo, por eu ter que acordar muito cedo; terceiro, porque eu teria de ir trabalhar, isso mesmo, "tra-ba-lhar"; e quarto, simplesmente pelo fato de ser um dia chuvoso. Tudo o que eu mais desejaria naquele momento era poder continuar deitado e deixar que o sono me conduzisse por longas horas. Confesso que um certo desânimo me dominou e pus-me a reclamar da vida.

Despertei cedo, tomei um banho frio, mesmo estando um pouco atrasado fui à padaria, voltei a minha casa, não pude tomar café com a minha esposa, segui rumo ao trabalho. A chuva torna-se intensa, mas eu estava de carro e certamente isso não era um problema. Chegando à escola, às 7:00 horas da manhã, percebo que não havia ninguém além de outro professor que também esperava para iniciar uma aplicação de provas. Disseram-me então que o início da prova era às 8:00 horas. Isso então revoltou-me , mas tive de ficar comedido. Não pude evitar que o meu descontentamento se tornasse ainda maior. 

Sentei-me à entrada da escola e fiquei ali alguns minutos contemplando a forte chuva que caía e me sentia um tanto quanto triste, sonolento e desanimado. Após cinco minutos de chuva forte, escuto o barulho de motocicletas e vozes que gritavam. Eram alunos que chegavam à escola para fazer suas provas. Sim! Eram alunos... e estava chovendo... e era domingo... e iam fazer provas! Todos muito molhados, divertidos, cheios de uma alegria que resplandecia além daqueles pingos d'água. Era impossível descrever quem estava mais molhado. 

A alegria daqueles jovens acabou me contaminando e pude perceber que, se para mim era muito complicado estar ali num dia como aquele, para outros parecia ser bem pior. Um por um foram chegando, bem mais molhados, bem mais felizes. Uma jovem chega meio gripada, outro vinha esvoaçante em sua bicicleta, outra chega caxingando porque estava com o pé quebrado, um aluno chegou absolutamente sem camisa, outra sem chinelo, e assim foram aparecendo todos eles. Isso despertou em mim um desejo ardente de voltar aos tempos de criança e convocá-los para uma grande festa na chuva. Tive de me conter.

Meu desânimo foi esquecido e pude perceber que daquela simples situação posso colher alguma lição de vida, principalmente a de que "nem tudo que parece ruim, verdadeiramente é". 



"Este texto é dedicado às turmas do 3º ano do Centro Educacional Cenecista Ruy Barbosa. Um abraço para vocês!"

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